segunda-feira, 16 de junho de 2008

Na Contramão

“Devemos constantemente mudar nossa visão. Quando você acredita que sabe uma coisa, deve olhar sob outro prisma. Quando ler, não considere apenas a visão do autor, considere o que você pensa. Você deve encontrar sua própria voz, quanto mais demorar a começar, menos chance terá de encontrá-la em plenitude.”

Robim Williams em Dead Poets Society.
**
Não apenas pela homenagem ao compositor, até porque esta letra vai muito além, aliás, não é segredo pra ninguém esta minha paixão, já antiga, pelo Renato Russo e todo o fruto de sua obra que contrbuiu (e muito) para o modo de pensar de tantas Legiões de jovens (do passado, presente e futuro).
Não é apenas porque me identifico ou porque choro ouvindo a letra ou porque meu coração, descompassado, acompanha o descompasso da música (e do mundo).
Não é apenas pelo tanto que tenho aprendido (e que todos estão carecas de saber), não só pelos dias estudando sobre a "Reificação Humana" , ou porque me cheira a trabalho bem-feito, em dose dupla.
Também não pensem que quero pregar a minha verdade para todos que lerem este post, estou consciente da hipocrisia da qual, no entanto, sou fruto.
Não quero reproduzir esta oração.
Não quero (apenas) dizer "amém" no final
Palavras repetidas?
Mas quais são as palavras que nunca são ditas?
Algumas, simplesmente, precisam ser repetidas, quantas vezes for necessário
Portanto (e enquanto não encontro outra saída) faço minhas as palavras do Pensador, a partir de agora:
A Terra tá soterrada de violência
de guerra, de sofrimento, de desespero
a gente tá vendo tudo, tá vendo a gente
tá vendo, no nosso espelho, na nossa frente
tá vendo, na nossa frente, aberração
tá vendo, tá sendo visto, querendo ou não
tá vendo, no fim do túnel, escuridão
tá vendo no fim do túnel escuridão
tá vendo a nossa morte anunciada
tá vendo a nossa vida valendo nada
tô vendo, chovendo sangue no meu jardim
tá lindo o sol caindo, que nem granada
tá vindo um carro-bomba na contramão
tá vindo um carro-bomba na contramão
tá vindo um carro-bomba na contramão
tá rindo o suicida na direção
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A bomba tá explodindo na nossa mão
o medo tá estampado na nossa cara
o erro tá confirmado, tá tudo errado
o jogo dos sete erros, que nunca pára 7, 8, 9, 10... cem
erros meus, erros seus e de Deus também
estupidez, um erro simplório
a bola da vez, enterro, velório
perda total, por todos os lados
do banco do ônibus ao carro importado
teu filho morreu? meu filho também
morreu assaltando, morreu assaltado
tristeza, saudade, por todos os lados
tortura covarde, humilha e destrói
eu vejo um Bin Laden em cada favela
herói da miséria, vilão exemplar
tortura covarde, por todos os lados
tristeza, saudade, humilha e destrói
as balas invadem a minha janela
eu tava dormindo, tentando sonhar
Sou um grão de areia no olho do furacão
em meio a milhões de grãos
cada um na sua busca, cada bússola num coração
cada um lê de uma forma o mesmo ponto de interrogação
nem sempre se pode ter fé
quando o chão desaparece embaixo do seu pé
acreditando na chance de ser feliz
eterna cicatriz
eterno aprendiz das escolhas que fiz
sem amor, eu nada seria
ainda que eu falasse a língua de todas as etnias
de todas as falanges, e facções
ainda que eu gritasse o grito de todas as Legiões
palavras repetidas
mas quais são as palavras que eu mais quero repetir na vida?
Felicidade, Paz, é...
Felicidade, Paz, Sorte
nem sempre se pode ter Fé,
mas nem sempre a fraqueza que se sente quer dizer que a gente não é forte.
"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
porque se você parar pra pensar na verdade não há"

3 comentários:

Heloisa Emy disse...

Marinhaaaa!!!

tinha começado a ler seu post ontem, mas como tive que voltar da minha cidade pra capital e não queria chegar atrasada na faculdade, deixei para terminar de ler hoje, para poder ler com cuidado e apreciar o seu post. Enfim.

A letra dessa música, além de me lembrar muito o trabalho sobre Reificação do ser humano(que sim, valeu a pena "perder" finais de semanas inteiros fazendo, visto pelo reconhecimento para com o nosso esforço =]), me lembra você. E lendo agora, com calma a letra, palavras por palavras, faz sentido... a música descreve o que nós estamos vivendo hoje, é triste e assustador!
"o medo está estampado na nossa cara"
E a vida é assim, uns percebem isso e não fazem nada, outros estão tão alienados que nada percebem(só olham para o seu próprio umbigo - Alexandre!!) e outros, poucos, tentam fazer alguma coisa... quero fazer parte da minoria, don't you? rsrs
"cada um lê de uma forma o mesmo ponto de interrogação " os pontos de vista... diversidade.. aiiiiii mara, tudo me lembra reificação agora... eu abri os olhos, o curso, os professores me abriram os olhos pra muita coisa, e repito, dá medo...

Calma, estou terminando o comentário... eu nunca tinhaparado pra reparar na frase, para interpretá-la(pois muitas vezes lemos, mas não interiorizamos o que lemos, por isso não refletimos e entendemos - sim, marinhaa, Enide) "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há"... incrível!!

Reflexões a mil!! rsrs

adoro você!!

beijo, heloisa

Dourado disse...

Não vale a Helo usou minhas palavrass: "reflexoes a mil" sou eu quem falo =P
Inclusive é a descrição do orkut, hunf!
haha(Quais são as palvras que nunca são ditas?)

Mara, só agradecer aos seus comentarios, tem me feito refletir bastante, mas se possível, mi xingue e critique um pouco, rs. Se nao fico mal acostumado!

Excelente texto...Deixou-me nostálgico com nosso trabalho,rs

Engraçado como você terminou o texto igual a um texto no meu blog(http://normalmentelouco.blogspot.com/2008/02/tempo-x-insatisfao.html), porém, com um enfoque totalmente dferente, o meu foi algo mais filosófico, no sentido do tempo. E o seu um carater social, aonde será que podemos chegar nos questionando sobre o tempo? E como devemos usa-lo?

Renato entendia que deveriamos viver intensamente, de modo a não nos questionarmos sobre o fato, pois vamos nos dar conta que o final é agora, será que ele queria isso? Será que esse é o certo? Não sei, mas vamos tentando descobrir(será que conseguiremos?)...

Beijos Mara...

Fernando disse...

Não sei mto bem o q dizer... sou fã do Renato Russo tb, e acho q ele soube traduzir questões como essa de uma forma q ninguém mais conseguiu. Mas posso citar outro gênio, da mesma geração e coincidentemente, morto pela mesma doença: Cazuza.

"A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára"

E ainda q eu falasse a língua dos anjos em um tempo q não pára, é preciso amar... ao menos, amar.