terça-feira, 1 de setembro de 2009

Poema de Agosto

O oco continua ecoando
Preenchendo o buraco interior do corpo
Mais uma tarde inane de agosto

O sol continua batendo na janela
E ainda nem conhecemos o dia
Mais uma tarde desperdiçada de agosto

A música continua tocando no rádio
Mas ninguém parece escutar
Mais uma tarde surda de agosto

A mesa continua cheia de papéis
O trabalho continua sem sentido
A gente continua se sentindo
Um tanto - completamente - fora do lugar
Mais uma tarde angustiada de agosto

A gente continua sem vontade
(sem parar) Continua
Mais uma tarde repetitiva de agosto

A cadeira ao lado continua vazia...

Mais uma tarde solitária de agosto

O coração continua batendo, cansado
Mas não a ponto de parar
E a gente vai levando...
Mais uma tarde enfadonha de agosto

Um torpor profundo continua devastando o ser
Pesando os membros
Fazendo cair as pálpebras
Sufocando os pulmões
Mas a gente continua respirando

O eco continua soando oco no espaço...

Tum-tum. Tum-tum. Tum-tum.

Mais um coração batendo errante, procurando sentido
Em mais uma tarde perdida de agosto

Continuamos presos antes do primeiro passo
enquanto o tempo passa
Deixo de sentir o gosto do que gosto
Não passo de ser vil
para servir
Mais uma tarde de agosto que não passa...
Desperdiço um tempo que não sobra para aprender
Não sei nem se quer de mim
Sei apenas que Agosto
não gosta de partir.