terça-feira, 30 de setembro de 2008

Só mais um... (grito!)

*Sufocado. O mais fraco soluço do mais fraco.*

Nós pequenos
Que vivemos à sombra de gigantes
Sofremos pela imperfeição
que são os filhos de Deus
Graças à Eva tudo é como é
Será?
É fácil culpar os outros
E abster-se de toda a responsabilidade
E assim caminha a humanidade,
Ouvindo os ecos (des)ordenados
Da classe superior:
Preto quando não caga na entrada, caga na saída
E os brancos, não cagam?
No mínimo são entupidos

Esses estúpidos
Só não vê aquele que não quer

Eu não sou uma máquina,
Falhar é inevitável
Perfeição?
Deixe de querer ser deus
Você não é.

Deixe de querer possuir o controle de tudo.
Me diga por que estou tão triste.

A culpa é de quem?
Repressão?
Opressão?
Outro dia me perguntaram a diferença,
Nem pensei, respondi: que importa?
Sufocação!
A pior cobrança começa dentro.
Estas correntes envolvem o meu corpo
E não me deixam viver plenamente.
Estes parafusos em meu sorriso
Imitam uma certa felicidade.
Só é feliz aquele que é livre!
Eu, ainda menino, ouvia ao fundo as palavras da catequista:
Sua liberdade termina onde começa a do próximo.
Mas que liberdade é essa?
Eu não conheço.
E dou um beijo em quem disser que é livre.
Estranho é ver as pessoas buscando felicidade
No meio de tanta sujeira
Os ricos são felizes?
Minha mãe tem nojo do dinheiro.
O ditado diz:
Dinheiro não traz felicidade, mas compra.
Ouça. mais ecos...
...Ignorância...

Sempre vem de baixo?
Enquanto isso, crianças tocam violão no pátio
E cantam uma canção qualquer
É lindo ver a esperança
Que há na juventude
Jovem e cheia de vida!
Feliz?
Lá vem a inspetora.
“Vocês não podem cantar aqui,
estão atrapalhando a aula.”


Escrito em Janeiro de 2008

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A vida é um espelho de mentiras


Pra falar a verdade às vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer às vezes que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo
"Tanto faz" não satisfaz o que preciso
Além do mais quem busca nunca é indeciso
Eu busquei quem sou
Você pra mim mostrou
Que eu não sou sozinha nesse mundo.

Basta as penas que eu mesma sinto de mim
Junto todas, crio asas, viro querubim
Sou da cor do tom, sabor e som que quiser ouvir
Sou calor, clarão e escuridão que te faz dormir
Quero mais, quero a paz que me prometeu
Volto atrás se voltar atrás assim como eu.
Busquei quem sou
Você pra mim mostrou
Que eu não estou sozinha nesse mundo.

Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser.
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo... Enquanto fujo...
(Cuida de mim, Fernando Anitelli)

A verdade é que, incapazes de cuidar de nós mesmos, estamos sempre em busca de quem o faça pra gente.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Madrugada Plim Plim


Os anos 80 e 90 foram, sem dúvida, grandes marcos na história do cinema mundial. Com o calcanhar nos roteiros inteligentes dos preto e branco e a ponta dos pés nos efeitos especiais, a indústria cinematográfica asiática, francesa e principalmente norte americana, produziram centenas de grandes obras.
No Brasil o cenário era, literalmente, outro: o cinema nacional começava a dar seus primeiros passos rumo ao reconhecimento internacional.
Bem, o fato é que, com ou sem grandes investimentos, estas décadas foram tão significativas que romperam fronteiras, porém é impossível negar a hegemonia hollywoodiana em termos de produção cinematográfica.
Não deixo de tirar o chapéu para produções milionárias, mas esta está longe de ser uma questão essencial. É possível se fazer um ótimo filme com muito menos, aliás a simplicidade é o que muitas vezes traz o charme para a produção. E quando digo simplicidade, me refiro a roteiros "trabalhados", sem grandes firulas e com um olhar para questões inerentes ao ser humano, onde é possível "ousar", trazendo temas que possibilitem a identificação do público através do clima lúdico da ficção e da fronteira tênue que esta demarca com a realidade. Uma direção de arte que explore mais a natureza das coisas e das pessoas do que se preocupe com saltos estilo Matrix ou náufragos a la Titanic. Um diretor que preze por grandes atuações seja no drama, na comédia ou na ação.
E já que afirmo que grandes obras não implicam necessariamente em grandes investimentos e em roteiros complexos, vou vender o peixe da Sessão Corujão.
Alguns dos melhores filmes que já assisti foram nas madrugadas das líderes de audiência, e dentre eles, há alguns dos quais eu nem se quer lembro o nome e que dificilmente eu vá ver de novo.
Dos que me lembro e já procurei que nem doida, em tentativas fracassadas, estão Silver Strand e Threesome (os títulos originais são mais charmosos), se você tiver sorte de encontrar, assista, eu recomendo.
Sabe que até hoje me pergunto por que filmes bons passam tão tarde?
Na verdade, a resposta é simples: o estilo Globo de televisão preza pelo capital, e os brockbusters da Tela Quente são os que atraem o grande público e é tudo o que eles querem. Filme inédito, boa audiência; boa audiência, massificação cultural; massificação cultural, padrão, padrão globo de manipulação. Um ciclo sem fim...

E veja como é irônico, justamente a TV aberta que é o único recurso em termos de acesso à informação e à cultura que chega até a maioria brutal dos brasileiros, se ocupa não de apresentar a diversidade de visões de mundo nas várias manifestações de cultura, mas de tornar padrão uma única visão de mundo; a do capital, e, portanto, das grandes produções.
O SBT segue a mesma linha, se já passa das duas da madrugada, vá correndo ligar a televisão no canal quatro antes que mudem a programação pela terceira vez no mês na tentativa de vencer a Globo.
Diante desta situação, o que me resta senão lamentar? Passar a noite acordada esperando pelos "filmes alternativos" que provavelmente não vou encontrar na locadora e muito raramente encontro para comprar?
Não. Com certeza não. Amanhã preciso acordar cedo para trabalhar, afinal não podemos sair do padrão. A ordem é o lucro, então, mãos à obra!
A torcida é para que eu seja acometida por uma crise de insônia, ligue a TV e seja aclamada com uma oportunidade única de assistir a uma dessas verdadeiras jóias do cinema.


quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Séria Demais


"A arte de escrever sem pensar”


Estive pensando...
meus textos são sérios demais.
Só tenho dezoito
e penso demais.
Penso.
É tudo tão atemporal,
até minha forma de pensar.
E a vida é uma ilusão.
Uma brincadeira
Onde cada momento se perde
na brevidade do piscar.
Quem dera meus olhos fossem as lentes de uma câmera
E que tudo, cada detalhe, ficasse registrado.
Quem dera a vida parasse para curtir o momento.
Quem sabe aquele tempo em que fui feliz (e não sabia)
não teria ido embora...
Mas quantas vezes fui feliz?
Todo dia, pelo menos uma vez.
E quando fecho os olhos,
lembro- me daquela poesia
Ou das palavras soltas pela sala
itinerante do museu da língua
Ou da voz suave daquele cantor
Ou do rodopiar da bailarina
Da conversa descompromissada com as amigas
Das risadas sem motivo
Ou das aulas de psicologia.
E se a vida parasse naquele momento
Em que seus olhos cheios de ternura
diziam que gostavam de mim?
E você, tremendo todo, pálido, parecia sincero
E pela primeira vez eu senti que podia ser amada.
E se a vida parasse no momento do primeiro beijo?
Ou no fim daquele filme que falou à alma,
Ou quando eu olhava para você?
E quem sabe a vida não parou, realmente...
Eu penso demais e sinto mais ainda
O mundo inteiro é feito de impressões digitais
E quanto mais escrevo e penso a vida,
mais percebo que o registro não se registra
A gente só sabe sentir.
Quem dera pudéssemos elevar
cognições à amplitude de sensações.
Pensamentos são apenas pensamentos.
Rabiscos na folha são apenas rabiscos.
E desisto, não dá para dividir com você
E vice – versa.
Escrever é sério demais.
Mas não desta vez...
E a frase vem à cabeça,
os dedos apenas correm pelo teclado sem pretensão alguma
E então assumo a minha idade.
Hoje escrevo, mas sem pensar.

*Escrito em 08 de Setembro


Ocorre-me agora:

A seriedade faz fronteira com o surto.

Todo excesso é patológico.

Um sopro esclarecedor ecoa em meus ouvidos...

"A vida não pode ser levada tão a sério"

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Traslado


* De Corpo e Alma*

Abnegação. Algumas pessoas nascem com sorte no amor, outras não. Parece ser muito complicado, mas não é.
A única vez em que tive a impressão de que tudo estava dando certo, foi também, e não por acaso, quando senti que tudo estava meio fora do prumo.
É algo tão intocável, incolor e inodoro que só se pode pensar que não é real.
E quando, finalmente, a cegueira da paixão decide nos deixar em paz, essa perfeição toda nos apresenta sua face deformada.
Enfim, não é exatamente disto que me proponho a falar, e sim sobre aquela tal “missão” que dizem motivar esta existência, na maioria das vezes, tão esvaziada de sentido. Pois bem, não se trata de uma hipótese. Trata-se de um fato. Há certas panelas que, por defeito de fabricação ou não, simplesmente vêm sem a tampa, o que não significa que elas não sirvam para cozinhar, e tampouco se deve forçar a elas tampas que não lhes sirvam.
Não sei se me faço clara, também nem era essa a intenção.
Acontece que sinto uma coisa, hoje, pela primeira vez.
Bem-estar. Abnegação.
É possível ser feliz amando, mesmo quando você parece não ter predisposição a isso. Ora, o amor se apresenta sob várias faces, formas, conteúdos, e amar é não esperar nada em troca, muito menos amor.
Quantas as formas de ser feliz e de se sentir útil que não necessariamente recaem sobre aquela eterna busca pelo outro que, de forma mascarada, nada mais é do que a busca por si mesmo, ou por aquilo que parece completar o que falta no eu?
Às vezes o caminho destinado a você é justamente o oposto. Resignação.
Quem sabe você sinta, como hoje pude sentir, a cálida paz diante dos estranhos no espelho e entenda que é preciso ter calma. A sabedoria é um engenho. E o reconhecimento dos estranhos pode, enfim, acontecer se aprendermos novas formas de buscar.
Quando os meus olhos procuram os teus e finalmente os encontra, posso ver, em sua íris, o reflexo de minha própria imagem. Quando ouço o que você tem a dizer é como se eu que falasse, quando chora, seguro o nó na garganta e não deixo a lágrima, que nasce teimosa no canto do olho, escapar. Não posso. O forte desta história sou eu. Assumo uma postura profissional e me mantenho como uma rocha.
Mas quando você sorri, meus lábios trêmulos não me obedecem mais, acabam por revelar meus dentes, esta sou eu e para sê-lo, aqui estou. Completa, enfim.
Dentre todas as formas de amar, resigno-me e só assim sou feliz.