quinta-feira, 4 de junho de 2009

Quem somos nós?



Até onde vai o poder humano? Qual é o limite entre o controle e descontrole?

Por uma questão de necessidade, diariamente, milhares de pessoas ao redor do mundo acabam por confiar suas vidas à especialidade de outros seres humanos, subjugando uma série de fatores sobre os quais nenhuma ação de nossa natureza é capaz de prever ou dominar.
Mais de 250 pessoas estavam a bordo do avião cuja rota de mais de dez horas era percorrida em grande parte num sobrevôo ao oceano Atlântico.
De fato, no que concerne ao transporte de pessoas a longas distâncias, o avião é nossa melhor ferramenta. “Mais seguro que o elevador!”. Quem sou eu pra discordar? Enfim, a questão aqui é outra. Apesar da consciência, que muitas vezes se comprova em dados, de nossa imperfeição e das falhas de nossas criações, demonstramos uma tendência à ascensão indiscriminada da prepotência que nos é inerente. Confiamos inadvertidamente em nossos produtos, em nossa ciência, desprezando o fato de que o humano e todos os seus derivados estão submetidos à operação de diversas forças que definitivamente vão muito além do que permite nossas competências compreender e controlar, ainda que co-existamos com a nossa própria ilusão de domínio das circunstâncias.
Assim, por não termos outra opção, deixamos que vidas simplesmente desapareçam pelos ares, o equívoco é justamente o oposto: acreditar que temos como dar conta disso. Não há responsabilidade pelo acidente, afinal, em acidentes não existem responsáveis. Solução não há, pelo menos não há uma que esteja ao nosso alcance.
O que é, de fato, necessidade primeira é que aceitemos o inaceitável, o impensável: há coisas (e não são poucas) que simplesmente não cabe a nós compreender, explicar e acima de tudo prover.
É assustador que uma dessas coisas seja a nossa própria existência.
Não é fácil admitir, mas todos estamos entregues à sorte, ao acaso, ao destino ou, chame você do que quiser. Na verdade o nome que se dá é o que menos importa.

5 comentários:

Ana disse...

Pois é...doce ilusão a nossa acreditarmos em qualquer tipo de segurança. O risco existe em qualquer ato, é aquele velho ditado "para morrer basta estar vivo".
E assim caminhamos nós!!

Vc viu que vai ser lançado um livro sobre o Renato Russo?? Lembrei de vc!
=)

Bjs

Heloisa disse...

suas palavras são escolhidas a dedo, e isso eu sei... são tão perfeitas... não há uma fora do lugar. como pode né?!
enfim... triste mas verdadeiro.. não temos controle... e mundo está muito além de nós...
um fatalidade mesmo o que aconteceu =(
beijo

Ana disse...

Oi querida,
Desculpe a demora para responder, mas semana "curta" (trabalho na sexta...) é um problema!

O livro se chama "Renato Russo: o filho da revolução" do Carlos Marcelo, editora Agir.

Muito obrigada pelos elogios!! Agora, fiquei super curiosa para saber a pergunta...pode mandar por e-mail! hehehe

Bjão

renato disse...

de novo: a quem se dirige a pergunta? bjs.

Unknown disse...

Você é tão sublimemente inteligente e crítica que me envergonho de comentar.

bjo