quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A saída

Esta manhã notei que há muito tempo não sonhava. A ficha ainda não caiu muito bem, mas o medo e o vazio já começam a bater na porta. Apesar de alguns dizerem que é o começo, outros o meio, é, na verdade, o fim das coisas o momento mais complicado, mas também o mais libertador.
Hoje acordei às 10:15 com o despertador tocando. É claro que não precisava, mas acho que há anos não sei o que é acordar espontâneamente. Mal acordar e já enfrentar a correria da cidade, o mundo todo despertando e se dirigindo para o trabalho (como zumbis). A imensa maioria triste, insatisfeita, cansada. Eu estava cansada.
Que bom atualizar o anti-vírus, encontrar de novo as páginas azuis do orkut, marcar consulta médica para o horário que bem entender. Que bom abrir o Word e voltar a escrever, ir de van pra faculdade, não perder mais aulas, nem chegar atrasada. Que bom poder de novo ser eu. Poder de novo pensar e sentir como eu. Não como máquina, não como assalariada. O trabalho cega, sufoca, aliena. Marx estava coberto de razão. É uma pena que nem todos o conheçam. Se conhecessem, talvez fossem capazes de enxergar o problema. Talvez tivessem força para vencer o medo, para ser subversivo. Talvez não.
Me dê apenas um motivo para fazer o que não gosto em troca de dinheiro.
Não havia mais motivos. E fiz a minha escolha. Agora aproprio-me de novo de mim mesma. Estou novamente livre para pensar! Posso agora dormir sem ter hora para acordar. E partir de agora, quem sabe, possa voltar a sonhar.

2 comentários:

Heloisa Emy disse...

Fiz a mesma coisa, mas com tanto tempo livre eu tenho medo de sonhar...
saudade dos seus textos!

Unknown disse...

Orkut!!!!! Isso é uma viagem no tempo!