sexta-feira, 28 de agosto de 2009



"Eu 'acho' que tenho certeza daquilo que eu quero agora, daquilo que mando embora, daquilo que me demora."

(Criado mudo, O teatro mágico)


Não existe verdade, o que existe são pontos de vista. Devo concluir, então, que a dúvida é mais sensata do que a certeza. Ainda assim, dúvida e certeza disputam um lugar no âmago do encontro.


Ei, você, vem conversar comigo?
Venha. Mas venha inteiro.
Não traga apenas corpo, traga alma.
Traga palavra.
Palavra é espelho.
E se a palavra cala, não se preocupe, a falta também fala.
Silêncio é espelho.
Se me permitir, posso ver através de você
Com olhos transcendentais,
enxergo o que está por trás de sua pele rígida,
endurecida pela dor.
Enquanto olho-te nos olhos,
uma linha invisível que sai dos meus
forma, contigo, uma metafísica e incontestável intersecção
Encontro a mim no mesmo instante que encontro a ti,
em algum ponto do espelho entre e em nós.
Assim, me constituo no espaço entre o eu e o outro
Espaço que a palavra abriu para nós
Sou aquilo que me diz
Diferente, todavia, daquilo que escuto,
Portanto novo.
E aquilo que não diz,
Cala.
Mas ainda sou capaz de ouvir com outros olhos
Meus olhos transcendentais.

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